Tablog

Academia, uma experiência antropológica

Editor do UOL Tabloide

Sub da Sub do UOL Tabloide

Acordar cedo para ir a academia é algo que soa como tortura para mim.

Levanta. Lava o rosto. Veste o top, a bermuda de lycra, a camiseta dri-fit (macacão nem em outra vida), as meias e o tênis de academia. Engole um pão. E vai. Esquece a garrafinha de água. Volta. E vai de vez.

Tal rotina, que para muitos é 'maravilhosa', 'incrível', 'não vejo a hora', 'força na peruca', pra mim é arrastada.

'Work out time', 'No pain, no gain', e outros dizeres típicos de academia nas camisetas. Minha-nossa-senhora, o que tô fazendo aqui?

No vestiário, a coisa piora, é lá que me sinto um peixe absolutamente fora d'água. As moças que chegaram pra malhar às 6h, a esta altura já estão em cima de saltos, usando e abusando do secador da academia, e fazendo a make do dia. Maquiagem. Com esse calor. Nem por decreto.

Mais ainda pode ser pior. Algumas moças fazem da malhação uma experiência realmente social. Se maquiam, ficam de cabelos soltos (como conseguem?) e escolhem a melhor roupa pra suar! Ahhh, e a manjada selfie duck-face pro Instagram!

Na hora de começar o treino, a motivação vai embora. Pesos, séries, repetições, 'podemos revezar?', ME TIREM DAQUI!

O que faz a experiência ficar suportável é a presença dos meus fones de ouvido e seja lá o que esteja tocando pra me distrair do ambiente.

Rapazes fortões xavecando as gostosas do ambiente. Tiazinhas que se acham a Beyoncé (nada contra). Gente perdida que nem eu. Instrutores contando piada. Gente marcando a próxima viagem. Gente no celular. Gente marcando a próxima maratona que vão correr. Gente. Não pertenço a esse mundo. Sério.

Aí vem a parte 'cardio', esteira, transport, escada (sério, o negócio imita uma escada!), bicicleta, posso escolher. A vontade maior é de ir embora, mas me esforço e vou pros meus 20 minutos de qualquer dessas coisas. Termino. É como se tivesse corrido a São Silvestre. Ok, não é pra tanto.

Dizem que, por mais que você não goste de praticar exercícios físicos, depois que começa é picado pelo 'bichinho da endorfina'. Hein? Eu não.

Chego em casa. Acabada. Sento no sofá. Netflix.